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terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

São Paulo - Opinião - Sustentabilidade na estratégia de negócios: possibilidades para o setor de construção civil


Satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de que futuras gerações tenham suas próprias necessidades atendidas. Em 1987, a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU já alertava para as diretrizes do chamado Desenvolvimento Sustentável. Essa visão antecipava o que viria a ser a Sustentabilidade aplicada à maneira como interagimos com nosso contexto cotidiano, através das relações de consumo e hábitos diários.
Visando atingir à fatia do mercado interessada em gerar menor impacto, empresas iniciaram o movimento de relampejar processos, produtos e inovações que atendessem à necessidade de seus consumidores sem perder de vista a sustentabilidade de seus próprios negócios. Um exemplo que tomou conta dos noticiários nos últimos anos foi a Tesla, que revolucionou o mercado com veículos elétricos com preços acessíveis à população. Apesar da distância entre os números de produção, venda e faturamento em comparação à produção de montadoras de veículos tradicionais, a empresa se tornou a fabricante de automóveis norte-americana mais valiosa na visão de acionistas.
A incorporação da sustentabilidade aos negócios traz inúmeras vantagens às empresas pela valorização da imagem e reputação, respostas a investidores, acesso a mercados e inovação em produtos, além de gerar benefícios ao consumidor final e, em maior escala, à perenidade socioambiental.
Um dos setores mais tradicionais no Brasil, a Construção Civil, tem se rendido às inovações e possibilidades através das chamadas Tecnologias Sustentáveis. Entre os especialistas, o termo Bioconstrução já é vocábulo conhecido e traz possibilidades de construções de baixo custo, menor impacto ambiental e maior acesso social.
O Centro de Educação para a Sustentabilidade (CES) Alphaville, fruto de parceria entre a Fundação Alphaville e a Prefeitura Municipal de Santana de Parnaíba, foi inteiramente construído com essa proposta. O espaço, bioconstruído em 2008, foi o primeiro centro de educação para sustentabilidade do país e tem em sua estrutura a demonstração de diversas técnicas de construções sustentáveis. O prédio foi desenvolvido com arquitetura de baixo impacto ambiental, visando a eficiência energética e aproveitamento de recursos naturais, ocupa 288m² de um terreno de 800m², sendo a área restante composta por região de preservação que é utilizada para educação ambiental dos visitantes do espaço.
Na construção, três tipos de bambu foram utilizados,, por ser um material extremamente versátil e resistente, e a estrutura foi completada utilizando técnicas de construção com terra, como pau a pique, cordwood e esterilha. Além disso, o centro conta com telhado verde, que mantém o ambiente climatizado e possibilita a recuperação da água da chuva, energia eólica e ainda faz parte de um biossistema integrado, o que significa que materiais que normalmente seriam rejeitados são reaproveitados em novos processos. Vidros reciclados, pisos de pneu, mobiliário de madeira de demolição ou certificadas, compõem a organização do espaço.
No final do ano passado, o local recebeu a visita de Salvador Benevides, Superintendente do Comitê Brasileiro (CB-002) da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), Guilherme Korte e Gustavo Paulo Gonçalves de Oliveira, da Associação Brasileira dos Produtores de Bambu, a fim de conhecer a estrutura do centro de educação, considerado referência em estruturas de bambu.
Com proposta rústica, o CES Alphaville foi construído em sistema de mutirão e trouxe referenciais tradicionais para sua construção, o que resgata a origem e a simplicidade dos processos e materiais utilizados; mas inovação, criatividade e acabamentos finos são desdobramentos destas tecnologias que a cada dia ganham mais espaços nas grandes metrópoles.

Por Ricardo Moreira Benitez, coordenador de sustentabilidade da Fundação Alphaville e do CES Alphaville.
Fonte: máquinacohn&wolfe | dig deeper. imagine more

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