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segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

48 imagens na exposição Caminho das Abelhas no Espaço Cultural Correios Fortaleza

A sensibilidade dos 06 (seis) fotógrafos Iana Soares, Markos Montenegro, Paulo Gutemberg, Sérgio Carvalho, Silas de Paula, Vanessa Andionsob curadoria do diretor de arte Ademar Assaoka está disposta em 48 imagens na exposição Caminho das Abelhas, que abre às 16 horas do dia 20 de janeiro(quarta-feira) e permanece em cartaz até19 de março de 2016 no Espaço Cultural Correios Fortaleza (ECC - R. Senador Alencar, 38 – Centro – Fortaleza/ CE), com documentações visuais em tornodo Sertão de Irauçuba. Os fotógrafos retratam o cotidiano, a força e a resistência do sertanejo frente à seca e ao processo de desertificação no município cearense.


“Caminho das Abelhas” tem patrocínio dos Correios, via Lei Rouanet através do Ministério da Cultura (MINC) e tambémfoi contemplado com o Prêmio de Fotografia Chico Albuquerque/2014 pela Secretaria de Cultura do Ceará (SECULT-CE) do Governo do Estado do Ceará. A mostra promove ainda atividades paralelas no Espaço Cultural Correios, como o lançamento do livrosobre o projeto; visitas guiadas diárias por monitores; interações formativas com alunos de escolas públicase de projetos sociais e culturais, sob coordenação pedagógica e apoio do SESC-CE,além de oficina de fotografia com smartphonespara funcionários dos Correios e ao público.


Ainda nas ações, está prevista a ida da mostra “Caminhos das Abelhas” ao município de Irauçuba, após o encerramento da exposição fotográfica no ECC, que também receberá duas obras para o acervo permanente do Espaço Cultural.


Irauçuba nas visões dos 06 fotógrafos de “Caminho das Abelhas”:


O município cearense de Irauçuba (que significa “Caminho das Abelhas” na língua tupi) traz as idiossincrasias de ser o local mais seco doEstado, mesmo sem a pecha de ser o mais pobre do Estado. A economia nas tramas do artesanato, balança ainda como a “capital da rede” e equilibraa ancestral agricultura e renitente pecuária implantada no século XVII, hoje reduzida a poucas cabeças de gado, entre riquezas envolventes de narrativas humanas e grande valor cultural em pleno sertão nordestino. 


Nos 1.461,253 km2 de área, Irauçuba, segundo os cientistas, após séculos de devastação, está prestes a viver, literalmente, um deserto, ou melhor um (de)sertão mais árido que a própria imagem que dele fizeram recorrenteem narrativas nordestinandas. Os fotógrafos Iana Soares,Markos Montenegro, Paulo Gutemberg, Sérgio Carvalho, Silas de Paula, Vanessa Andion, junto aocurador Ademar Assaoka, ressaltam ainda, além do valor paisagístico, o engajamento documental para o desenvolvimento social e econômico da região e, despertam a percepção da caatinga como potencial de valoração cultural. Através da fotografia, contribuem para reflexão de estratégias de políticas públicas e do desenvolvimento sustentável, além de divulgarem potencialidades culturais e estéticas da região.


A proposta de “Caminho das Abelhas” é dar visibilidade e conhecimento público à paisagem causticante mas, também, humana e rica em cultura e história, sensibilizando a sociedade para o desolador processo de desertificação que acontece na região”,lembra o curador Assaoka.  A fotógrafa eprodutora da mostraVanessa Andion, reflete as experiências em Irauçuba ao revelar que ‘”o sertão é do tamanho do mundo’, imenso e seco. E no silêncio que arrasta o tempo que é só seu, as nuvens que passeiam com vagar carregam o dia que parece, nunca se vai acabar. E a vizinha distante que me habitou por tantos anos, agora para, olha pro céu e descobre-se rendida. Uma grande paixão, essa!”.


O professor e fotógrafo Silas de Paula alonga sobre a documentação na localidade. “Há trinta anos fotografei a região de Irauçuba no Ceará, terra assolada pela seca que exigia visibilidade maior, olhar cuidadoso dos gestores públicos e dos brasileiros sobre a tragédia local. Mas, por diversas razões o trabalho ficou, praticamente, engavetado. Há dois anos, participo com outros fotógrafos do projeto sobre a região - “Caminho das Abelhas”– e percebi que pouco mudou; a seca permanece e as condições da população, em quase nada, diferem das presenciadas há décadas. O grupo procurou conhecer a desertificação progressiva e a vida das pessoas na convivência com ela, utilizando a fotografia como forma de análise e registro do processo e acreditando que o documental é um instrumento de construção social, cujo significado surge nos contextos organizacionais e históricos de diferentes mundos do trabalho fotográfico”.


Pioneiro na proposição do projeto, Sérgio de Carvalho, um piauiense quase “nascido no meio do sertão”, relembra que “em 2014, quando começamos a nos aventurar por Juá, Missi, Olho D’água, Riacho do Meio e Cacimba Salgada, comunidades rurais de Irauçuba, era como se estivesse numa viagem de volta ao sertão que já foi meu. A paisagem continua a mesma da minha memória de menino, não fossem as antenas parabólicas e as cisternas de hoje. Não me refiro ao chão rachado pela seca duradoura, e sim ao silêncio, à solidão e ao tempo contidos no campo de futebol vazio, na cruz solitária na beira da estrada ou na sinceridade do tempo que marca profundamente o rosto do sertanejo. O que busco neste trabalho, talvez fruto da memória visual, é retratar esse silêncio, essa solidão e esse tempo, que se misturam, se confundem e se ampliam numa imagem monocromática e imaginária de afeto e saudade”.


Na perspectiva do registro histórico na linguagem fotográfica contemporânea documental, o processo de desertificação que aconteceem Irauçuba, a apenas 180 km da capital Fortaleza, traz também ao projeto o olhar de Paulo Gutemberg, que “foca sertões internos e externos. Mas, Irauçuba, nosso sertão externo, não é famoso como o de Canudos ou o de Juazeiro do Norte, muito embora seja considerado pela Unesco uma das maiores e críticas áreas de desertificação no mundo. Essa condição nem foi determinante para nossa escolha. Há muito tempo já é pacífico que não existe um só sertão, mas inúmeros sertões, embora a maioria das narrativas assim o declare. São, pois, vários sertões, alguns vastos, vastíssimos, outros nem tanto e até próximos à costa litorânea civilizada, como o de Irauçuba, agora apresentado ao grande público”.


O projeto “Caminho das Abelhas” se alarga em destinosaos profissionais da imagem, artistas, professores, estudantes, historiadores, sociólogos, ambientalistas, jornalistas, organizações governamentais e não governamentais. Como sintetiza a jornalista e fotógrafa Iana Soares sobre as integrações no projeto e mostra fotográfica, “entre as estratégias que inventamos para tornar a vida possível, o encontro é a mais eficaz e generosa. A fotografia é um caminho fascinante, tanto para aprender a enxergar como para arriscar formas de dizer e compartilhar o que foi visto. Este é um projeto que celebra o encontro e o sertão, profundamente marcado nos olhos das pessoas que nos atravessaram. É necessário voltar sempre para arriscar futuros nesse território infinito. Este Caminho é feito de luta e festa”.


O fotógrafo e integrante do projetoMarkos Montenegro afiança sobre os desafios: “Mais que apenas ‘Caminho das Abelhas’, Irauçuba foi um caminho de retorno a memórias e sentimentos de outrora. Nascido no coração de um sertão rachado e cheio de fé, os altos contrastes do sol a pino me faz lembrar dos tempos de menino. Tempos  descalços, correndo no chão de terra batida, onde pedras e galhos se transformavam em heróis de grandes aventuras. Nossa busca pelas ‘insólitas’ regiões de Irauçuba, não era pelo simples registro de uma realidade que se perde pela falta de chuva, mas sim pela busca da origem de todos que ali estavam, pelo encontro com o sertanejo dentro de cada um. Irauçuba somos nós, o deserto da terra se faz como o deserto dentro do ‘peito’ e da memória”, resume em extensivos convites.


 “Caminho das Abelhas” no processo de pesquisa documental fotográfica e na extensão da exposição no Espaço Cultural Correios Fortaleza também contou com apoios e parcerias do Instituto da Fotografia (IFoto), em Fortaleza, e da Universidade Federal do Ceará (UFC) através da Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Comunicação, além da proposição pela Travessa da ImagemEscola de Fotografia e Arte. O Instituto Oziris Pontes deu apoio na divulgação junto à comunidade e para realização da produção fotográfica. Ainda em contribuição à expansão do projeto e objetivos dos Correios, a exposição deve seguir à zona rural de Irauçuba (Juá), após o encerramento da mostra no ECC.

QUEM SÃO OS FOTÓGRAFOS E CURADOR DE“CAMINHO DAS ABELHAS”:


    Iana Soares, 29 anos, jornalista e fotógrafa. Gosta de mar, sertão, sal e gente. Começou a fotografar quando pesquisava o processo de afirmação étnica dos índios Tremembé. Após graduar-se em Ciências Sociais, voltou ao Jornalismo e reencontrou a imagem, além da palavra. Fez mestrado em Belas Artes, na Universidade de Barcelona. Participou de diversas exposições e mostras, como o Encontros de Agosto, o Festival de Fotografia de Tiradentes, a exposição Mapesdesorientats, em Barcelona, e Derivas, em Valência, entre outros. Em 2015 ganhou o Prêmio BNB de Jornalismo na categoria fotografia nacional com o trabalho "Sertão a Ferro e Fogo - Marcas de gado e gente".  É editora de fotografia do jornal O POVO e professora da Travessa da Imagem, em Fortaleza.

   Markos Montenegro, 30 anos, formado em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Pós graduado em Fotografia e Design na Escola Superior de Disseny i Enginyeria de Barcelona (http://www.elisava.net). Mestrado em Fotografia, Arte e Técnica na Universidade Politécnica de Valencia (www.masterfotografia.es). Especialista Universitário em Fotografia Profissional e Especialista Universitário em Fotografia, Arte e Técnica. Diretor proprietário da escola de fotografia, vídeo e cinema Travessa da Imagem.

    Paulo Gutemberg nasceu em Oeiras (PI). Iniciou a vida profissional como fotógrafo em meados dos anos 1980 em Teresina-PI, onde foi repórter fotográfico, editor de fotografia, jornalista, professor de fotojornalismo e assessor de comunicação social. Colaborou em jornais e revistas culturais piauienses, publicando crítica e ensaios fotográficos. Realizou e participou de exposições fotográficas em Teresina, Brasília e Fortaleza (IFOTO e DeVERcidade). Publicou os livros de fotografia, “Teresina” (2005) e Docas do “Mucuripe” (2010), este último com o fotógrafo Sérgio Carvalho.É presidente da Fundação José Medeiros.

    Sérgio Carvalho, 46 anos, piauiense, fotografa desde os anos 1990, desenvolvendo a fotografia como expressão artística documental. Fez diversas exposições e participoude salões de arte e festivais de fotografia, como nas quatro edições do DeVERcidade em Fortaleza (2005, 2006, 2007 e 2010), FotoArteBrasilia (2010), Festival de La Luz (2010 – Argentina), Fotopoa 2012 (Porto Alegre), PhotobookAward 2011 (Kassel -Alemanha) e POY LATAM 2013. Em 2005 participou de coletivo fotográfico que produziu o documentário “Gente do Delta”, contemplado com o Prêmio Chico Albuquerque de Fotografia da Secretaria de Cultura do Ceará (SECULT-CE). Em 2006 foi um dos vencedores do Edital de Artes da FUNCET/Fortaleza, com o ensaio “Docas do Mucuripe”, em co-autoria com o fotógrafo Paulo Gutemberg, cujo livro foi publicado em 2010. No mesmo ano, publicou o livro “Retrato Escravo”, junto ao fotógrafo João Roberto Ripper, publicação indicada como uma das melhores de 2010 pelo Internacional Photobook Festival 2011(Kassel, Alemanha) e Menção Honrosa no POY LATAM 2013. Também publicou os livros “Barbearia do Tempo” (2011), “Às vezes, criança – Um quase retrato de uma infância roubada” (2012) com o poeta Rubervam Du Nascimento e o livro “Homens-Caranguejo” (trabalho coletivo, 2013). É membro-fundador e ex-diretor do IFOTO – Instituto da Fotografia, em Fortaleza/CE.    

    Silas de Paula, 65 anos, é jornalista, fotógrafo, pesquisador e professor doutor pela Universidade de Loughborough, Inglaterra (1996). Professor do Curso de Comunicação da Universidade Federal do Ceará (UFC), desde 1985, na qual, além de professor de graduação, atua na pesquisa em Fotografia e Audiovisual do Mestrado em Comunicação e coordena o grupo de Pesquisa em Cultura Visual. Participou da organização do DeVERcidade, de 2005 a 2007; do Encontro Internacional de Imagens Contemporâneas em 2009/11. Em 1984 ganhou o prêmio Nikon InternationalPhotocontext, no Japão, Prêmio Chico Albuquerque em 2008, o Prêmio Leica/Consigo (Parati em Foco), em 2010 o Prêmio Marc Ferrez de Fotografia, FUNARTE, em 2011 o prêmio Diário Contemporâneo, em Belém e o edital do Plano Nacional de Apoio à Pesquisa da Fundação Biblioteca Nacional e MINC. Atualmente desenvolve pesquisa sobre fotografia contemporânea.

    Vanessa Andion, 48 anos, baiana. Graduada pela Universidade Federal do Ceará em Ciências Socias, trabalhou como fotógrafa e pesquisadora no Núcleo de Estudos e Pesquisas Sociais (NEPS) dessa Universidade, fazendo vários cursos em artes visuais. Exposições Coletivas: "Insânias Verdades - ensaio “O Escuro me Ilumina” em Dezembro/2012; O Corpo Alheio - ensaio “Antropofagia da Imagem Crua” em Fevereiro/2014; 3Ensaios Para Demolição - ensaio “Um Sonho Feliz de Cidade” (como convidada do Descoletivo de Fotografia em 2014). Publicações: Revista Olho de Peixe I em Outubro/2012 - ensaio “Em busca da Fortaleza perdida”; Revista Olho de Peixe II em Abril/2013 - ensaio “Amor de índio”. Prêmios: 1º lugar na Fotomaratona de Fortaleza da Escola Travessa da Imagem com o tema “A cidade que ninguém vê”; Prêmio Chico Albuquerque de Fotografia/2014 com o Projeto “Caminho das Abelhas - O deserto é logo ali”, desenvolvido em conjunto com os fotógrafos Markos Montenegro, Sérgio Carvalho, Silas de Paula e Paulo Gutemberg. É também assistente de edição e produtora.

    Curadoria de Ademar Assaoka, jornalista, editor e diretor de arte, iniciou sua carreira em 1968, na revista Realidade e Veja. Foi editor de vários projetos editoriais e gráficos de revistas e jornais. Dirigiu por sete anos, a icônica Revista Goodyear, considerada, em 1990, pelo jornal O Estado de S. Paulo, a melhor revista cultural do país e um dos percussores do ensaio fotográfico no Brasil. Ganhou diversos prêmios tais como o da Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial) durante 12 anos seguidos; o Prêmio Ouro do Clube de Criação de São Paulo, entre outros. Tem seu trabalho publicado na revista Print - America’sGraphic Design Magazine. Em 2012, foi contemplado com o Prêmio Marc Ferrez de Fotografia, da Funarte. Foi curador de duas exposições fotográficas em 2014 e é editor da revista Olho de Peixe, desde 2012.


SERVIÇO: Exposição e atividades do projeto “Caminho das Abelhas“


    Abertura: 20 de janeiro de 2016 (quarta-feira) às 16h;

    Visitação diária: A partir de 21 de janeiro até 19 de março 2016, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, aos sábados, das 8h às 12h. Entrada franca.

    Local: Espaço Cultural Correios Fortaleza (R. Senador Alencar, 38 – Centro – Fortaleza).

    Fone para agendamentos de visitas guiadas (85) 3255 7142

    Oficinas com smartphones e lançamento do livro da exposição: em breve mais informações sobre datas e inscrições.

    Facebook da exposição “Caminho das Abelhas”:https://www.facebook.com/events/1564696377155543/

    Facebook do projeto “Caminho das Abelhas”: https://www.facebook.com/caminhodasabelhas/?ref=notif&notif_t=fbpage_fan_invite

    Instagram: #caminhodasabelhas

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